quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Estresse Neonatal e Avaliação de Riscos

Olá pessoal, olha eu aqui de novo (antes tarde do que nunca)...

Nesse tempo que estive longe das atualizações do blog aproveitei para colocar em dia algumas leituras. Andei lendo alguns livros de literatura mesmo, só para sair da rotina dos textos acadêmicos e técnicos. Andava de saco cheio. Todavia, não pude me distanciar de todo da leitura de artigos científicos.

Bom, o que eu queria comentar com vocês hoje é um texto de 2003 do Profº Aldo Lucion, professor do Programa de Pós Graduação em Fisiologia e Neurociência da UFRGS.  O artigo, intitulado Neonatal handling reduces the number of cells in the locus coeruleus of rats, é interessantíssimo. De um modo geral, o autor relata que a manipulação dos ratos é responsável por um estresse neonatal fortíssimo e interfere na formação e maturação do locus coeruleus desses animais. Mas como é isso? Quais as consequencias?

Explico: a manipulação neonatal, procedimento que o profº Aldo utiliza, consiste em separar as mães dos filhotes nos primeiros 10 dias após nascimento dessas crias. Nessa separação, o pesquisador pega os filhotes nas mãos e faz uma espécie de carinho durante 1 minutos por dia (nos 10 primeiros dias de vida das crias). Após essa manipulação diária, a mãe volta para o convívio dos filhotes até a próxima separação, no próximo dia. Nas avaliações histológicas do cérebro desses filhotes, pode-se perceber uma diminuição de até 50% no numero de neurônios em algumas partes do cérebro, em especial ao locus coeruleus (LC). O LC é responsável por muitas respostas simpáticas durante o estresse e responde aumentando a secreção de norepinefrina, a qual altera a função cognitiva (por meio do córtex pré-frontal), aumenta a motivação através do núcleo accumbens), ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e aumenta a descarga simpática (inibindo o sistema parasimpático) via tronco cerebral. em específico ao eixo hipotálamao-hipófise-adrenal, a norepinefrina estimulará o hormônio liberador de corticotropina no hipotálamo, induzindo a liberação do hormônio adenocorticotrópico (ACTH) na hipófise anterior e subsequente síntese de cortisol na glândula adrenal.

Em análises de comportamento dessas crias manipuladas pelo pesquisador (nessa fase do estudo as crias estavam com 90 dias), o que mais me chamou atenção foi o comportamento exploratório desses animais. em comparação aos animais não manipulados, os filhotes do grupo experimental apresentava maior comportamento exploratório, o que demonstra uma menor capacidade de avaliação de risco, uma vez que neste teste, um predador (colocado em uma espécie de gaiola) era colocado no mesmo ambiente que o rato.

Para quem se interessar pelo tema, aí vai um link interessante: http://en.wikipedia.org/wiki/Locus_coeruleus

Um abraço e até a próxima.

Roges